Dissertação de Mestrado Acadêmico
Dissertação de Mestrado Acadêmico
As favelas compõem o cenário fluminense e se caracterizaram, em geral, por abrigarem uma população de baixa renda. Durante mais de um século, percebemos que a favela teve várias representações: já foi o “lugar da pobreza”, “dos trabalhadores”, “do vício e da promiscuidade”, “berço do samba e da cultura popular”, até chegar aos dias de hoje como “lugar da violência”. Essa representação da favela é tanto daqueles que vivem longe, como daqueles que vivem nela. A proposta deste estudo é identificar a representação da moradia pelo morador de favela, pois, ao observarmos conjuntos habitacionais, percebemos uma contradição entre as propostas e o que esses moradores aspiram, refletida nas alterações das edificações, que buscam sempre a concretização dessa representação. O estudo pretende também analisar como o morador se apropria do espaço de que dispõe; analisar como ele é capaz de concretizar o ideal de moradia, com os recursos escassos de que dispõe e com as limitações impostas pela configuração espacial da favela. Para a realização dessa pesquisa foi desenvolvido um estudo dirigido a análise comportamental, em que foram realizados questionários com os moradores da Favela Vila Nova Esperança em Jacarepaguá e Vila pereira da Silva em Laranjeiras, localizadas na cidade do Rio de Janeiro. Foram selecionadas 150 e 100 moradias aleatórias respectivamente. O questionário era composto de associação de palavras de livre evocação com a palavra indutora MORADIA, perguntas abertas (“morar com conforto”, “morar com segurança” e “morar com tranqüilidade”), um questionário socioeconômico e uma seleção de imagens de livre escolha, a fim de se conhecer o sentido de “morar bem”. Constatamos que as representações sociais da “moradia” nas duas favelas estudadas, são um pouco diferentes. Em Vila Nova Esperança, temos uma favela recente que busca ainda infra-estrutura urbana, a casa-própria e a tranqüilidade. Já em Pereira da Silva, uma favela com 60 anos de existência, ter conforto, ter o mínimo necessário e eletrodomésticos são prioridades. “Morar bem” nos dois casos é numa casa, com telhado de duas águas, isolada num terreno gramado, com bastante área verde e em contato com a natureza. Se possível, uma casa bonita, num lugar seguro, tranqüilo e sem violência. A maioria dos projetos em conjuntos habitacionais não está de acordo com a representação do “morar bem”, o que muitas vezes proporciona uma não aceitação, num caso de remoção ou relocação. Essa não aceitação pode ocasionar um retorno para o local de origem ou para uma outra favela, prejudicando os programas habitacionais, acabando por manter em ritmo acelerado o crescimento dessas áreas.
Palavras-chaves: Arquitetura; Habitação de Interesse Social; Representações sociais; Favelas.
http://objdig.ufrj.br/21/teses/680770.pdf
Data de defesa: 15/02/2007Pessoa
- Luiz Fernando Rangel Tura
- Ana Carolina Amaral Martins [Autor(a)]
- Maria Laís Pereira da Silva
- Mauro César de Oliveira Santos [Orientador(a)]
Linha de Pesquisa
- Arquitetura, Projeto e Sustentabilidade
Curso
- Mestrado Acadêmico PROARQ