Teses e Dissertações

As fôrmas e as formas de pensar e a constituição de territórios educativos

Tese de Doutorado

Tese de Doutorado

Considerando a conjuntura atual, onde expectativas de mudanças radicais estão presentes na maioria das análises e projeções sobre o futuro próximo, apoiadas em fatores ambientais, econômicos ou políticos, a presente Tese busca situar a proposta de constituição de Territórios Educativos dentro desse contexto. O paradigma conceitual utilizado para esse exercício de contextualização apoia-se em uma noção tão antiga quanto controversa, mas que, todavia, pode ser traduzida como o próprio arquétipo dos processos de transformação: a magia. Tal escolha se mostra apropriada porque, a pesquisa parte de uma série de atividades didáticas, voltadas à compreensão dos fundamentos da arquitetura e urbanismo, e realizadas com crianças. Nelas, a magia se apresentou como um recurso cognitivo recorrente, de onde se conclui que indispensável, especialmente para a reinvenção de si perante cenários de mudanças, como é o caso da passagem da infância e, também, das crises globais. Nesse sentido, a Tese propõe que as cidades e a arquitetura compõem, desde sempre, uma espécie de wünschelrute (vara mágica), que conecta os campos da mente e as coisas do mundo, ampliando-os mutuamente, de modo que, toma-se como necessário, para a operação com o conceito de Territórios Educativos no tempo presente, uma postura que se assuma como ponte entre pensamento mágico e concreto. Para a construção desse argumento, procedese, na sequência, a duas operações arqueológicas simultâneas, uma, dos saberes, e outra, urbana, tendo como recorte geográfico de ambas a cidade de Erechim (RS), posto que a cidade se revela singular para os propósitos de tal operação especulativa. Implantada no norte do Estado do Rio Grande do Sul, a partir de um projeto colonial alicerçado na versão local da Filosofia Positivista, o Castilhismo, Erechim apresenta indícios do encontro entre a cabala judaica, o xamanismo ameríndio e a mitologia afrodiaspórica. Os suportes dessa especulação são diferentes aspectos concretos da morfologia, topografia, toponímia e marcos arquitetônicos, de modo que se torna possível, a partir dessa leitura, falar sobre as “infraestrutras metafísicas” da cidade, que são a expressão filosófica da ligação, considerada fundamental, entre pensamento mágico e concreto. O procedimento de investigação desses indícios se dá por meio de um olhar lúdico, descentrado entre a descoberta e a criação, cujo método deriva de experiências exploratórias, desenvolvidas em jogos e brincadeiras, num Projeto de Extensão com estudantes do Ensino Fundamental, na mesma cidade. Nesse sentido, a presente Tese é também sobre a infância, sem ser objetivamente sobre crianças, mas sobre o retorno a uma experienciação mágica das cidades e das ideias, enquanto estratégia lúdica e cognitiva para a sobrevivência no contexto urbano atual, útil para cidadãos de qualquer. Embora os aspectos propriamente sociais inerentes ao tema não sejam secundarizados, a presente Tese traça um recorte que é acompanhado por fundamentos advindos da filosofia, notadamente de correntes ligadas à Filosofia da Mente e à Ontologia, por entender que essa deve ser a seara do tema “territórios educativos”, atualmente: não mais um problema exclusivamente de política social urbana, ou de orientação epistemológica da educação, mas do encontro fundante dos espaços institucionalizados, no continuum mentemundo. Na Conclusão, retoma-se a avaliação do contexto conjuntural que faz o trabalho como um todo se voltar para o tipo de abordagem que opera. Como se trata de um cenário de mudanças amplamanete influenciado pela criação de um ambiente comunicacional imaterial, o chamado ciberespaço, a invenção de seu contraponto, os territórios urbanos físicos como meios educacionais, se destacam como mecanismos de resistência, adaptação ou enxergamento das mudanças em curso. Constituem-se, portanto, na contraparte natural de uma crise em curso, que não se desenvolve num campo estritamente educacional, mas que diz respeito às formas de representação do conhecimento, e aos processos metacognitivos que ela engendra, em outras palavras, a invenção das formas e das fôrmas de pensar.

Palavras-Chave: Território Educativo; Magia; Infância; Erechim; Metafísica; Filosofia da Mente.

https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=9445932

Data de defesa: 19/06/2020

Pessoa

  • Ana Albano Amora
  • Giselle Arteiro Nielsen Azevedo [Orientador(a)]
  • Guilherme Rodrigues Bruno [Autor(a)]
  • Ligia Maria Leão de Aquino
  • Paulo Afonso Rheingantz
  • Rodrigo das Neves Costa

Linha de Pesquisa

  • Cultura, Paisagem e Ambiente Construído

Curso

  • DINTER PROARQ