Os Grupos de pesquisa Ambiente-Educação (GAE) e Qualidade do Lugar e Paisagem (ProLUGAR) vêm desenvolvendo atividades de ensino e pesquisa relacionados com a aplicabilidade de conceitos, métodos e instrumentos que permitam incorporar as interações homem-ambiente produzidas durante a experiência de observação em uma Avaliação Pós-Ocupação. A abordagem conceitual e metodológica que tem caracterizado as pesquisas dos Grupos, propõe a releitura e a re-significação das técnicas e instrumentos clássicos de uma APO, ampliando o conceito e a percepção da qualidade do lugar, por parte dos observadores e dos usuários. Esta abordagem reconhece que não é possível ter acesso a uma realidade independente do observador e que esta realidade não é algo pré-determinado, estático e imutável, passando então a adotar a designação abordagem experiencial como reflexão e base conceitual de suas pesquisas. A abordagem experiencial caracteriza a experiência vivenciada pelo observador no ambiente ou lugar em uso, ou seja, o modo como a um só tempo cada ambiente ou lugar influencia a ação humana, e como a presença humana dá sentido e significado a cada ambiente ou lugar. Neste sentido, ao reconhecer e valorizar as interações homem-ambiente para a transformação qualitativa do lugar, este projeto tem por objetivo fazer uma releitura e refinamento do conjunto de técnicas e instrumentos para a Avaliação Pós-Ocupação, com base nos conceitos da abordagem experiencial. Seu desdobramento prático, a Observação Incorporada, procura lidar com os aspectos subjetivos das observações, ao considerar as emoções e reações dos sujeitos - usuários e observadores - que experienciam determinada realidade, e pressupõe uma mudança de atitude do observador em relação ao ambiente observado. Ao questionar a eficiência intrínseca dos instrumentos e ferramentas da APO (RHEINGANTZ 2004) e agregar a experiência humana aos instrumentos e procedimentos tradicionalmente utilizados - sem, no entanto, negar a importância e a utilidade dos mesmos - o observador assume uma postura menos distanciada e neutra, e passa a ter consciência da subjetividade das emoções e reações vivenciadas pelos observadores e usuários durante a experiência da observação. Ao procurar integrar a bagagem sócio-histórica do observador e dos usuários, a abordagem experiencial busca conferir um significado mais rico e abrangente para a APO. Os resultados preliminares são indicativos das possibilidades de superar algumas das limitações decorrentes da tradição comportamental ou behaviorista, ainda predominante nos estudos e aplicações da APO, que, de um modo geral, se ocupam dos comportamentos dos usuários dos ambientes observados sem, no entanto, atentar para as razões que os justificam; ou ainda, que pouco têm se ocupado da conduta dos peritos e dos critérios de análise que utilizam na interpretação dos resultados.
Grupo
Pessoa
- Siva Alves Bianchi
- Rodrigo das Neves Costa
- Paulo Afonso Rheingantz
- Giselle Arteiro Nielsen AzevedoCoordenador(a)