Teses e Dissertações

Lebbeus Woods e a arquitetura no limite da invenção

Tese de Doutorado

Tese de Doutorado

O objeto de estudo deste trabalho são as arquiteturas experimentais do arquiteto Lebbeus Woods (1940-2012). A sua produção, a nosso ver, é ativada por um pensamento surrealista que promove uma pertinente discussão sobre os limites da produção arquitetônica. Suas quimeras, com suas geometrias fraturadas e complexas, encerram importantes questões éticas, políticas e filosóficas da atuação profissional na disciplina. Ao contrário da maioria dos seus pares, Woods praticamente não construiu nada. Não obstante, através de seus desenhos, modelos e instalações, ele procurou explicitar uma visão bem particular sobre o que poderia ser a arquitetura. Nesses projetos, a postura surrealista desempenhou um papel fundamental, pois permitiu que ele conciliasse uma atitude científica com uma abordagem poética na elaboração de seu discurso retórico e gráfico. Os textos e os desenhos serviram de meio para a conciliação de questões analíticas de pressupostos técnicos, políticos e sociais, que ele considerava relevantes. Sua busca se dá a partir de uma visão filosófica particular, através da incorporação do expediente do irracional, do grotesco e da violência, além de outros fatores -a princípio desagradáveis- mas que contribuem para um entendimento amplo do papel da arquitetura na sociedade contemporânea. A partir dessa chave de leitura - o surrealismo - estabeleceu-se uma conexão entre a biografia de Lebbeus Woods e alguns temas recorrentes em seus trabalhos. Identificamos, tanto em seu percurso pessoal quanto profissional, questões subjetivas que alimentaram seu VII imaginário gráfico. Equacionamos seu percurso profissional com ênfase especial em sua experiência docente, apontando a importância do desenho como ferramenta especulativa e, finalmente, de suas proposições arquitetônicas como respostas à hipóteses formuladas em um campo especulativo próprio, onde as questões ligadas ao subconsciente e aos sonhos seriam motores para uma investigação arquitetônica aguda. A iniciativa foi de mostrar como seu trabalho tenta captar imagens do inconsciente e transpantá-las para o espaço arquitetônico, conciliando pressupostos éticos e estéticos da disciplina. Tomamos, como categorias de análise, algumas formulações de Roger Cardinal para estabelecer uma reflexão acerca das proposições subjacentes às criações de Woods. A cidade como sonho, como história de amor, como palimpsesto, como labirinto psíquico e como sistema de signos foram, em nossa leitura, instrumentos fundamentais para o entendimento do processo de evolução do trabalho de Woods. Woods entendia o desenho de projetos experimentais não como uma etapa para se chegar a arquitetura, mas como arquitetura em si. Isso acontece quando decide usar o desenho como ferramenta de proposição de uma investigação sobre novas possibilidades de criação do habitar humano. Os desenhos do arquiteto norte-americano não são uma preparação da arquitetura, entendida como a obra fisicamente construída. Seus desenhos são conjecturas que animam o imaginário em busca de um sentido mais amplo da prática arquitetônica. Parte-se, aqui, da premissa de que suas ilustrações são uma espécie de metaarquitetura, que busca refletir acerca dos desdobramentos da disciplina por meio de uma materialidade gráfica que pensa a si mesma a partir de seus elementos de composição, friccionando fronteiras da concepção do desenho arquitetônico.

http://objdig.ufrj.br/21/teses/876130.pdf

Data de defesa: 26/03/2018

Pessoa

  • Beatriz Santos de Oliveira
  • Bernardo da Silva Vieira [Autor(a)]
  • Fabiola do Valle Zonno
  • Gustavo Rocha-Peixoto
  • José Barki
  • Lais Bronstein Passaro [Orientador(a)]

Curso

  • Doutorado PROARQ

Linha de Pesquisa

  • Teoria e Ensino de Arquitetura